Inovação, tablets, redes sociais. Ideias soltas que me levam, de novo, à sala de aula
Inovação é a palavra do dia, pelo menos para mim.
Tem tudo a ver com início de ano – embora também possa ser a ordem que indica o final de um ciclo e a necessidade de mudança.
Falo a partir do mesmo lugar – o de educadora – e, ao mesmo tempo, preparo-me para fazer de novo tudo diferente. Inovar.
Aproveito o Carnaval para sair do ruído de São Paulo e viajar para lugares nos quais já estive, o que me remete a um mesmo que nunca é idêntico, porque o olhar é diferente, a viagem é diferente, o sabor é diferente, o tempo é diferente. Nova experiência, como sempre é a sala de aula.
No caminho, enquanto mato o tempo no aeroporto passeando pelas redes sociais sem sair do lugar, chego a um vídeo do El País e do BBVA (pelo menos, assim indicam as logomarcas no alto da tela), em que a educadora canadense Catherine L”Ecuyer afirma categoricamente que antes dos dois anos de idade, a criança não deveria ter nenhum contato com telas digitais. Penso: mais do mesmo, esta discussão nunca tem fim; e concluo: ainda bem, assuntos sérios devem ser sempre discutidos.
Concordo com suas palavras e seus argumentos (veja aqui quais são eles, para tirar suas próprias conclusões, já que não cabe a mim ditar nenhuma regra). Vou fazendo relações e mentalmente visualizo crianças que, na maior parte do tempo, têm os olhos fixos na tela, fascinadas pelas cores, movimentos, luzes e sons… Impossível não relacionar isso aos tempos que esta tarefa de entreter em uma espécie de confinamento seguro cabia à TV. A diferença – se é que há alguma – é que a programação da TV era finita, enquanto o tablet ou o smartphone parecem sempre ter mais e mais…
Para essas crianças hipnotizadas, a interação olho no olho, a brincadeira a céu aberto em dia de chuva (outro vídeo que assisti hoje), a conversa despreocupada na hora do almoço, essas coisas do dia a dia de um tempo que chamarei aqui de “pré-digital”, tudo isso deve ser inovador… E me sinto na obrigação de oferecer a quem quer que seja a possibilidade do diferente, do olhar a partir de outro ângulo para entender e respeitar aquilo que é diferente e, justamente por ser assim, diferente, faz com que eu me reconheça ao conhecer o outro.
Está aí a magia de ensinar um idioma – e aprendê-lo, sempre.
Está aí a magia de entrar na sala de aula, olhar nos olhos dos estudantes e torcer para conseguir fazê-los brilhar diante de algo que até podem já ter visto, mas que ainda não conhecem de verdade.
Em tempo: o texto de hoje está em português, pois foi nesse idioma que as relações de construíram. Mas o ponto de partida – os dois vídeos citados – são hispânicos. Ou, pelo menos, estão hospedados em páginas escritas em espanhol.